segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O lugar desconhecido





Teve aquele sábado que saiu de casa tarde e voltou ao amanhecer... Estava embriagada, mas queria registrar um pouco das ideias e viagens daquela noite, escreveu palavras soltar na página em branco do word. Só dias depois voltou pra ver, não entendia nem lembrava bem daquilo.
A “ciência da luz”, mas o que quis dizer sobre isso? Momentos pensando e se lembrou que ao entrar no quarto havia uma grande borboleta preta. Como dormir lá com aquele enorme ser com grandes olhos brilhantes olhando-a dormir? Teria que tira-la de lá! Depois de um tempo cambaleando e tentando convencê-la a se retirar percebeu que ela ia em direção da luz...alguns longos minutos descobriu a estratégia de apagar a luz do quarto, acender a do corredor, acender a da sala, apagar a do corredor...com a ajuda no travesseiro para espantá-la. Voltar correndo e fechar as portas...essa é a ciência da luz...onde as borboletas correm em sua direção.
Eu corro na direção do escuro. Havia outras frases e palavras que me parecem sem o menor sentido agora. E já se passaram outras noites e manhãs ainda mais importantes. Regadas a longas conversas. Muito foi escrito sobre solidão, ainda estamos buscando a cura.
A cura encontra-se na noite após noite, no gole após gole, cigarro após cigarro. Na futilidade das emoções e na intensidade das relações, efêmeras e tremulas. Incipientemente, aguarda por uma nova aventura, vazia. A verdade é que não existe conteúdo. Quando existe, é gasoso, é como a fumaça que foge por qualquer fresta. E sempre há frestas.
Assim, sem sentido e numa busca frenética por algo a se sentir. Coloca um pequeno pedaço de papel na boca, sorvido por um liquido amargo, que deveria estar gelado, mas o calor é intenso. A música começa a se tornar mais intensa, o corpo responde a cada nota, a cada rifem. A conversa se torna uma análise profunda sobre o ser social, entrecortada por risos. Partimos sem nenhuma direção, como sentia falta de apenas seguir.
Num outro lugar, numa mesma noite. Papel já dissolvido. Leve choque, noite perdida? O choque é intenso e momentâneo, se não foi capaz de derrubar, apenas eletrifica. Bela noite, que se acaba apenas no fim do dia seguinte. Pessoas que brilham, cantadas furadas, cerveja quente. Beijo na rua. Falta de ar pelos excessos de psicoativos e aditivos.
Diversos mundos que misturam numa miscelânea caótica dentro de um pequeno mundo, mundo paralelo. Cenários diferentes numa fração de vida. Dor, alegria, preocupação, relapso, consumo, liberdade, prisão. Criação conjunta, dos velhos e dos novos. O exterior á esse mundo que complementa as divagações, pois é o mundo para além do paralelo que dá significado a fuga da concretude do sistema.
Superar uma fase, uma dor. Reconstruir e interagir. Não tem graça, nem poesia. É compreender e aceitar a ausência de sentido. É muito e nada. É ser encantadora um dia e invisível no outro. É ter tudo, preso dentro de uma caixinha, esperando a hora certa de usar. Mas não usa.
É ser uma grande borboleta negra, num quarto escuro, se debatendo entre paredes, cortinas e portas. Esperando que alguém acenda a luz e a expulse de lá.