quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sobre o vazio

Quando se está vazio, teoricamente seria fácil de preencher. Mas não é.  O vazio ocupa todo o espaço, assim não sobra tempo pra ler, pra estudar, pra escrever, pra quase nada. Sobra tempo pra quem procura companhia. O Vazio só abre espaço pro outro, mas para mim, só vazio mesmo. Queria saber fazer poesia, ou pelo menos conseguir ler um livro inteiro. Desligar o computador e desconectar das poucas coisas que restam. Desligar, formatar, recomeçar. Conhecer, se deitar e pedir pra ir embora. Deitar, dormir e sonhar. Noite, música e olhar. Casa, verdade, colchão pra duas. Desabafo, conselho e medo. Vazio quando se acorda. Vontade de preencher com o que há de belo e prazeroso da superficialidade das relações boemias.

Entre cervejas e o amanhã


Ela recebeu um mail. Ficou receosa sobre o que se tratava, depois de tanto tempo as pessoas ainda a surpreendem. E nada sai como se gostaria, quando se espera a calma vem turbulência, quando se quer barulho só se tem o silêncio. Quando se deseja o desconhecido apenas se aproxima o conhecido.

Essa moça, tão sem graça e sem vida. O tempo não foi justo com ela, os anos lhe trouxeram marcas e quilos extras. O tempo lhe levou muitas coisas também. Deixando-a meio assim. Agora passa os dias esperando o dia seguinte, na esperança que algo novo apareça e lhe tire da inércia. Como se engana essa moça. Sonha acordada, se confunde com o que é real ou imaginação. Sonha com a música que se personifica num ser místico. Pensa no ontem e no amanhã, sobrevive ao hoje.

Toma uma cerveja, acende um cigarro. Faz piada das coisas que mais lhe doem, cala sobre o inevitável. Essa moça, que cada dia é e pensa diferente, ora cheia de esperança, ora entregue. Vez triste, outra forte. Essa moça que já teve ideais e planos, que amava e sofria. Agora tenta ser o que não é, pensa o que quer ser e não sabe por onde, e não lhe cabe mais ser o que foi um dia. Teve um tempo que ela desistiu, depois percebeu que tinha tudo pela frente, mas hoje não sabe de mais nada. Espera que outra pessoa resolva tudo, com uma simples noite de um vazio prazeroso, nada mais. Acorda com o gosto amargo de cor cinza na boca.

Pensa que pode viver sozinha, quem sabe descobrir a solidão como boa companhia. Talvez o processo seja complexo; mas por vezes acredita que não pode ser assim. Não foi nem vai ser, mas por hoje, só lhe resta esperar o amanhã. Restam-lhe noites vazias preenchidas com músicas e músicos, com cervejas e cigarros. Que bom que ainda tem a companhia de casa.



segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Fragmento de uma história.

Que peso que dá quando exageramos a dose! Não apenas do fim de semana que abusei do excesso de álcool e dos gastos excessivos.

A dose extra de falar bobagem pra pessoa errada. De ouvir bobagem da pessoa certa. E tem certas dores que não se curam com o álcool, apenas se intensificam. Mas não adianta falar quando não se faz; deixo a bronca de lado e entro nessa onda dos excessos.


Nos arrependemos levemente; deitadas o dia todo de domingo, tentando superar a dores no braço e a sensação de que os órgãos cozinham. Ainda temos que ter força, porque ainda é domingo e vamos ver algo mais brasileiro depois de três dias de rock internacional.

Coisa leve. Mas ainda pesa os excessos pelo sono que bate e quando olhamos a carteira e vemos que gastamos muito mais do que deveriamos. Mas PORRA! Esse dinheiro sempre some mesmo, nunca sobra. Some nas consultas médicas, no cigarro, no tratamento, nas contas de casa, no posto de gasolina, etc. Que seja por nós!

Apenas mais um fim de semana entre todos aqueles que vivemos, entre todos os dias que dividimos, entre as conversas da madrugada, entre choros e risos. Entre a ânsia e o medo de amanhã. Entre a inútil tentativa de entender que vida é essa.


Teria fim esse mundo, mundo paralelo? Mundo que criamos, que construímos nesses quase 7 anos. Não, nada é normal, tão pouco racional. São sentidos e sensações. É a ausência e a presença, discussão e afago. Dor e alegria. Fora dos padrões de moralidade vigentes nesse caótico mundo social.


Sempre quis escrever algo sobre isso tudo que lateja em minha memória, mas me parece mais difícil que escrever o bendito projeto que protelo dia- a- dia. São tantas vidas e histórias, tanta coisa que não caberia em rabiscos num papel.


É indescritível. E para alguns até incompreensível. Tantas coisas precisariam para ilustrar, tantas trilhas sonoras. Mesa de sinuca, macumba na sala, cadela de rua, seriais killers, Tim Maia, Cordel, festa de republica, batida com banana e café, amigo secreto, mil séries, brigadeiro de colher, Nação, Elis, jargões, truco, Sacis e exus, dançar na chuva, pirofagia, vinho no lago, ciência, Teatro Mágico, etc. etc. Eu, você e todos eles!


Por vezes me arrependo de ter ficado tanto no quarto, de deixar de viver essa história. Mas sempre sabendo que era pra sempre. Nenhum arrependimento pelo que foi vivido, só pelo que foi deixado de lado ás vezes.


A única certeza que essa história me faz ter é quer não terá fim e mesmo que não tenha o amanhã, eu tive vidas em minha vida. E essa vida não é permitida morrer.


Aguardo por mais dinheiro na carteira e o fim daquilo que ansiamos, pra jogarmos mais uma partida de sinuca, dividirmos mais uma garrafa de cerveja e conversarmos até o dia nascer. Quem sabe no lago...