quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sobre o dia e a cura.

  

Falávamos de cura. Falávamos de dor e de amor. Falávamos e sentíamos demais.
Eu disse que a dor dá sentido, faz nos sentirmos vivos e nos inspira. Quanta bobagem...
Bobagem mas verdade.
É a angustia, a dor, os questionamentos e os medos que nos movem.
É olhar a história e se indignar com as tragédias, é olhar o presente e se indignar com as tragédias. Tragédias anunciadas, arquitetadas e praticadas.
O dia pode ser longo e a noite curta. São tantos dilemas: sociais, emocionais, psíquico, econômico,existenciais e ... sexuais.Essencial.
Começa ao acordar. Só dormir fora de casa. Teria significado dormir tão pouco em casa? Tampouco no quarto.
Caminha sob a chuva fina, naquele bairro que já foi seu. Pega o mesmo ônibus, 7 anos. Sete anos de história, de uma relação de amor e ódio. Com a cidade de terra vermelha, que encarde a pele e a alma. Com o curso intelectualoide, pseudo-elite do pensamento. Racionalidade às avessas.
Passar a tarde pensando no que devia pensar. Olhar de cima, olhar de fora, olhar de dentro. Olhar. Contemplar o real, fingir que entende, escrever 400 páginas do que já foi dito.
Contar as moedas pra comprar o cigarro, se sentir uma idiota por isso.
Trocar lamentações, trocar inspirações. Trocar música e saliva. Tocar os sentidos.
Perceber a fragilidade da vida, entre tantas vidas perdidas. Tentar viver tudo de uma vez, em um dia. Ver o dia passar e só olhar. Olhar o passado.
Se sentir extremamente deprimida por não passear com os cachorros. Irradiar alegria ao ouvir uma música.
Perder a vergonha e superar limites. Se desamarrar da falsa moralidade. Entrar em outra dimensão.
Acordar ao ver alguém morrer de fome. De sede. De terra. De água. De corrupção. De guerra. De ganância.
Dormir diante do prazo. Da responsabilidade. Da idade. Do monitor. Do doce. Do dia. Da vida.
Acreditar em Deus, em orixás, preto velho, fantasmas, fadas e no poder do pensamento. Inspira e Expira. Invertida sobre os ombros.
Encher a mochila e pegar a estrada. Ouvir um blues. Tomar banho de mar.
Acreditar que vai mudar. Acreditar de verdade que andar de bicicleta na praia dá todo o sentido à existência da humanidade. E dá!
Procurar a cura. Do câncer. Da sociedade. Da política. Da humanidade. Da paixão. Da alma.
Escrever palavras soltas pra fugir do fato de ter que escrever palavras amarradas.
Acende um cigarro, toma um café. Volta pra realidade.
É optar por vomitar palavras do que ter uma fala doce. É optar pela gargalhada escrachada do que pelo riso contido. É aceitar meu baixo padrão de moralidade.
Sacaneia o destino. Questiona o presente. Ri dá cara do espelho. Coloca um ponto no final.

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